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Depois de uma execução complexa e arrastada, a transposição do Rio São Francisco promete abrir novas possibilidades para o agronegócio brasileiro em Estados da Região Nordeste. A obra, concluída pelo Ministério do Desenvolvimento Regional em fevereiro passado, tende a mudar, especificamente, o cenário da fruticultura na região.

O projeto federal tem o objetivo de levar água para 12 milhões de pessoas, em 390 municípios dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.

O canal da transposição conta com dois grandes eixos e tem quase 700 quilômetros de extensão e estruturas complexas, como aquedutos e estações de bombeamento.

Concluída depois de 15 anos, o que significa quase quatro mandados presidenciais, a transposição ofereceu garantia hídrica que antes não existia em algumas áreas locais. Assim, novas alternativas de cultura apareceram, com projeções de maior rentabilidade e geração de empregos. A projeção de impacto é maior principalmente para pequenos produtores de melão, melancia e outras frutas tropicais.

Agronegócio é o tema escolhido por Oeste nesta quarta-feira, 24, dentro da série de reportagens “Desafios do Brasil”, que será publicada até o dia 30 de setembro, sempre seguindo a seguinte ordem de temas na semana: segunda-feira (Educação), terça-feira (Economia), quarta-feira (Agro e Meio Ambiente), quinta-feira (Justiça e Segurança Pública) e sexta-feira (Saúde)Veja aqui as reportagens do projeto Desafios do Brasil.

 

Otimismo no Rio Grande do Norte

 

Um exemplo da recente transformação tem sido o Rio Grande do Norte, onde existe a expectativa de que a agricultura irrigada passe dos atuais 5 mil hectares para 10 mil ou 15 mil hectares em poucos meses. As águas da transposição chegam ao Estado por meio de duas entradas, nas bacias de Piranhas-Açu e do Apodi.

Os impactos diretos devem ser sentidos especialmente nas cidades de Apodi, Caraúbas, Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado, na região da Chapada do Apodi. Nessa área são produzidas aproximadamente 300 mil toneladas de frutas e verduras anualmente, em especial melão, melancia e abóbora. A expectativa é que a citricultura também se estabeleça na região.

“O Rio Grande do Norte está sendo visitado hoje por empresários do Brasil e de fora do país com intuito de adquirir áreas para a produção sobretudo de frutas tropicais. Isso está gerando grandes oportunidades de negócio para os pequenos produtores”, conta José Vieira, presidente da Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Faern).

“Cerca de 300 pequenos produtores rurais vão ser beneficiados por esse projeto de irrigação somente na Bacia do Apodi. É uma quantidade de emprego impressionante”, afirma Vieira. “Na cultura irrigada, nós calculamos que a cada hectare geramos dois empregos. Esse é o tamanho da oportunidade da chegada das águas do São Francisco ao Rio Grande do Norte”, acrescenta o executivo.

Segundo projeções do Ministério de Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa), todos os Estados contemplados pela transposição devem ter crescimento no Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária neste ano: Pernambuco (0,9%), Ceará (0,5%) e Rio Grande do Norte (0,2%) e Paraíba (0,2%).

O esperado crescimento da atividade do agronegócio no Nordeste tem sido acompanhado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Vinculado ao Ministério de Desenvolvimento Regional, o órgão tem cedido engenheiros elétricos, agrônomos, além de tratores, caminhões e maquinário para ajudar os pequenos produtores.

 

“Paternidade” de obra no Rio São Francisco

 

A expectativa é que a transposição do Rio São Francisco apareça como tema da campanha presidencial deste ano, sobretudo na propaganda no rádio e na televisão, que começa nesta sexta-feira, 26. Os dois principais candidatos, segundo as pesquisas de intenção de voto — Lula (PT) e Bolsonaro (PL)—, reivindicam a paternidade pela obra no Nordeste.

O Partido dos Trabalhadores (PT) argumenta que, quando Bolsonaro assumiu o governo em 2019, a transposição já estava praticamente pronta. A legenda alega que a equipe do presidente pagou apenas 3% dos valores das obras. O atual governo federal, no entanto, diz que investiu 24% de tudo o que foi desembolsado na transposição desde 2008.

Apesar de os ex-presidentes Lula e Dilma terem sido responsáveis pela maior parte das obras, o cronograma do projeto sofreu diversos atrasos ao longo dos anos petistas no poder. Prevista para 2012, a conclusão do Eixo Norte teve trechos inaugurados por Bolsonaro, que também conseguiu ampliar a extensão do projeto.

O orçamento inicial da transposição do Rio São Francisco era de R$ 4,5 bilhões, mas a obra acabou consumindo cerca de R$ 16 bilhões dos cofres federais até a conclusão deste ano. O governo justifica o aumento do preço e a demora na conclusão pelo surgimento de novos serviços, a partir das diferenças entre projeto inicial e adequações.

“A partir das diferenças entre o projeto executivo e o projeto básico, algumas construtoras contratadas pediram adicionais acima do valor legalmente permitido (25%) para prosseguir com a execução das obras”, destacou nota oficial, em 2019.

 

Matéria elaborada por Revista Oeste: https://revistaoeste.com/politica/eleicoes-2022/transposicao-do-rio-sao-francisco-abre-nova-fase-para-o-agronegocio-do-nordeste/

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